Livros didáticos têm 60% das informações sobre agronegócio distorcidas, é o que mostrou Carolina Barretto, que é diretora de Comunicação da Associação De Olho no Material Escolar, durante palestra na 20ª edição da Tecnoshow 2023, que aconteceu em março, no Centro Tecnológico da Comigo, em Rio Verde, município no sudoeste de Goiás.
O dado faz parte do relatório “O retrato do agronegócio na escola”, produzido pela Associação em parceria com Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA-USP), que identificaram que mais da metade das citações referentes ao setor agronegócio nos escolares são negativas.
O estudo mostrou ainda que as palavras que mais aparecem fora de contexto ou com teor distorcido são: desmatamento, conflito fundiário e uso de agroquímicos.
Livros distorcidos preocupa setor do agro
Segundo o documento, a lista é grande de temas relacionados ao agro que são distorcidos da realidade do setor, o que causa preocupação de pais, professores e outras pessoas ligadas setor agropecuário.
“Sessenta por cento das citações sobre o agronegócio são erradas. Então quando você manda seu filho para a escola, são 60% de chances dele aprender errado. A associação foi criada para garantir que as informações deste setor sejam retratadas nos livros com base na sua relevância e de maneira fiel.”
Carolina Barretto afirma que a percepção inicial de que o agro é retratado de maneira distorcida nos livros, foi embasada em uma pesquisa científica para ser levada às editoras de livros. Em vários casos, a associação foi recebida com receio, mas depois de entenderem a necessidade dessa atualização de linguagem, muitas já se tornaram parceiras.
“Algumas editoras justificaram que enfrentam dificuldade para encontrar conteúdos nesta área e que, quando encontram, são muito complexos ou usam linguagem muito técnica”, diz.
A diretora de comunicação ressalta que, o estudo também serve para dar oportunidades para o setor ser citado de forma verdadeira na rede de ensino do Brasil. Para isso, a De Olho No Material Escolar tem consultorias para editoras com fontes oficiais, que ajudam na produção de material para a rede pública e privada.
“A nossa intenção é que os conteúdos distorcidos possam ser retirados dos livros, além de dar mais espaço para a atuação de profissionais e importância dos produtores rurais e do agronegócio como um todo na economia nacional nos conteúdos didáticos.”
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Conclusões do relatório
O relatório gerou três conclusões que são os pilares para buscas dos objetivos listados: a primeira é que existe precariedade no embasamento científico para a produção dos conteúdos didáticos; a segunda é que falta valorização do papel do produtor rural e da agroindústria na economia do Brasil; e terceira é que falta entendimento sobre a conexão do campo com a cidade e isso gera riscos à sucessão pela falta de atratividade do setor rural, entre os jovens.
Precariedade de embasamento científico
Imperfeições pedagógicas, bem como vieses de natureza política ou ideológica, que não deveriam estar presentes nos textos didáticos, uma vez que os materiais teriam como propósito, incentivar o espírito científico dos leitores, formar opiniões independentes, atitudes e valores compatíveis com os saberes das ciências.
Falta de valorização produtor rural e da agroindústria na economia do país
Foi identificada a diminuição do espaço do produtor rural e do agro na agenda econômica e de desenvolvimento do Brasil.
Falta de entendimento sobre a conexão do campo com a cidade
Existe a possibilidade de se evidenciar mais no material didático a conexão do campo com a cidade, preparando o jovem para visão mais sistêmica da cadeia da agroindústria. Isso deve ser considerado até numa dimensão de sucessão no setor, visto o exemplo de outros países, que passam por dificuldades na formação de produtores rurais.
De Olho No Material Escolar
Fundada em junho de 2021, a De Olho no Material Escolar é uma entidade sem fins lucrativos, que reúne a sociedade civil com recursos vindos de parcerias com empresas e de seus associados, com a ideia de contribuir para uma educação positiva do agronegócio, além de propor atualização dos conteúdos com base científica e que gera perspectivas positivas com relação ao tema nos estudantes.