O boletim Insumos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) do mês de novembro revelou uma mudança significativa no mercado de fertilizantes no Brasil. Pela primeira vez, a China ultrapassou a Rússia e se tornou o maior fornecedor do insumo ao país.
Entre janeiro e outubro de 2025, os embarques chineses somaram 9,76 milhões de toneladas, superando as 9,72 milhões de toneladas enviadas pelos russos no mesmo período.
Segundo o levantamento, os principais produtos importados da China foram Sulfato de Amônio (SAM) e formulações à base de Nitrogênio e Fósforo (NP). Apesar da ultrapassagem, a Rússia continua sendo um parceiro estratégico para o abastecimento do mercado brasileiro.

Gargalo logístico no Porto de Paranaguá
O boletim destaca que o avanço acelerado das compras de fertilizantes chineses gerou um forte impacto na logística portuária. O aumento expressivo das importações em um curto intervalo de tempo resultou em longas filas de navios no Porto de Paranaguá ao longo do ano, com tempo médio de espera de 60 dias para o desembarque das cargas.
Essa concentração de atracações, segundo a CNA, provocou um gargalo operacional, elevando custos e ampliando gastos com demurrage, taxa cobrada quando navios ou contêineres permanecem além do prazo permitido no terminal.
Mercado interno: entregas em alta e troca desfavorável
Embora a logística siga pressionada, o boletim mostra que o mercado interno mantém ritmo aquecido. As entregas de fertilizantes no Brasil até agosto registraram alta de 9% no ano.
A CNA projeta que o país poderá alcançar um novo recorde em 2025, influenciado especialmente pelo Rio Grande do Sul, onde houve atraso nas aquisições e, consequentemente, maior volume de compras concentrado no período.
Por outro lado, as relações de troca permanecem desfavoráveis entre culturas agrícolas e fontes de fertilizantes fosfatados, o que mantém atenção redobrada dos produtores na hora de planejar custos da próxima safra.
O boletim também analisou o mercado de defensivos agrícolas. O destaque foi o aumento de preços no grupo de fungicidas, reflexo do avanço dos tratos culturais na soja. A demanda mais intensa pelo produto contribuiu para a elevação dos custos no segmento ao longo do ano.








