É natural que o empreendedor ou qualquer comerciante queira vender, especialmente o empreendedor industrial: este quer colocar seus produtos para exportação, além das fronteiras do Brasil. Contudo, não é somente os gastos previstos na produção que formam os valores dos produtos para exportação – há de se levar em conta outros custos adicionais para este tipo de negócio.
À princípio, o empreendedor precisa destinar um lote específico para exportação, que deve ser armazenado. O CEO da Logcomex, Helmuth Hofstatter, explica que o exportador precisa saber diferenciar armazenagem de estocagem, sendo a primeira, muitas vezes, considerada a vilã da operação, que pode superar o custo da própria mercadoria.
De acordo com Hofstatter, estocagem se refere ao produto, no aspecto de quantidade e disponibilidade. Além disso, quanto mais tempo um produto fica estocado, maior desvalorização ele terá.
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Já a armazenagem compreende o espaço necessário para guardar o produto, que deve dispor de temperatura adequada e grandes dimensões. E isso tem custo e varia conforme a quantidade de dias em que a carga fica armazenada e do modal utilizado, posto que praticamente todos os armazéns são privados, o que faz haver discrepância nos custos.
Hofstatter ainda recomenda que os proprietários de carga consulte as tabelas dos custos de armazenagem por estado, posto que a base de cálculo é o valor CIF (Cost, Insurance and Freight — Custo, Seguro e Frete) para as cargas a granel, que são mais da metade da movimentação nos portos.
Outro aspecto a ser observado pelo exportador é o tempo de armazenagem. Isso porque há uma tolerância de tempo, que varia de 5 a 30 dias, em que o importador pode ficar com a carga armazenada, sem pagar a mais por isso. É o que se denomina Free time. Portanto, cabe ao importador negociar com o terminal e o armador.
No entanto, quando o tempo é excedido, ocorre a demurrage ou sobre-estadia e o cálculo é diário e começa a partir da data seguinte à chegada no porto de destino até a data da devolução do contêiner. O seu custo gira em torno de US$ 75 e US$ 460 dólares por contêiner e, no caso de afretamento de navio, pode chegar a US$ 20 mil a diária.
Além disso, o importador paga uma série de impostos federais antes do despacho da carga, sendo eles o Imposto de Importação, IPI, PIS, COFINS e TUS (Taxa de Utilização do Siscomex), além do ICMS estadual e, quando o transporte é marítimo, há a cobrança do AFRMM, que é um adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante.
Frete marítimo é mais barato para escoar produtos para exportação
Para enviar produtos para o mercado externo, o empreendedor tem que considerar o custo do frete internacional, no entanto, ele deve estar atento aos tipos de transporte disponíveis, bem como seus valores e o tempo que leva para chegar ao destino.
De acordo com Hofstatter, frete aéreo custa até 10 vezes mais do que o marítimo para o mesmo item, contudo, é mais rápido. Caso o exportador opte pelo transporte marítimo, é preciso compreender o tempo que se leva até o destino que, dependendo do lugar, pode demorar até dois meses. Por isso, a necessidade de se organizar.
O frete internacional marítimo é composto de alguns valores, que podem ser o frete por si só (ocean freight), combustível (bunker) e taxas de alta temporada (peak season). Na pandemia por Covid-19, o frete ultrapassou os US$ 14 mil, disse Hofstatter.