Pesquisa conduzida pela Embrapa Pesca e Aquicultura em Palmas (TO), conseguiu a redução do período de engorda no sistema de criação de tambaqui (Colossoma macropomum) em tanques-rede.
O experimento concluiu a engorda da espécie em 9 meses, contra um tempo médio de 12 meses. Além disso, melhorou a conversão alimentar, quantidade de quilos de ração que o animal consome para ganhar 1 kg de peso, que diminuiu para 1,74 kg, quando normalmente é maior que 2kg, considerando tambaquis com peso final de 1 kg.
Resultados da pesquisa do tambaqui na produção comercial
O piscicultor precisa fazer ajustes no manejo dos sistemas de produção aquícola para obter os resultados do experimento, adotando a densidade de estocagem que a Embrapa recomenda em três diferentes fases, segundo a pesquisadora Flávia Tavares de Matos, da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO).
O protocolo da Embrapa detalha cada fase: a primeira são os alevinos (animais jovens) de 50g a 200g; a segunda fase os alevinos com peso entre 200g e 500g; e a terceira com peixes de 500g a 1kg. A orientação para a estocagem é usar tanques de 48 m³ (com medidas de 4 m X 4 m X 3 m) sob densidades de, respectivamente, 24 kg/m³ na primeira fase, 32 kg/m³ na segunda e, na terceira fase, 40 kg/m³.
A pesquisadora recomenda que a cada mudança de fase, o produtor faça a classificação dos peixes em pequenos, médios e grandes e adote a densidade de estocagem que a Embrapa indica para cada grupo.
A separação por tamanho e os resultados das biometrias mensais, é fundamental para que a densidade de estocagem seja ajustada e não ocorra competição entre os animais quando estiverem se alimentando. A consequência é que os lotes ficam mais homogêneos e, portanto, comercialmente mais atrativos.
Potencial de mercado do tambaqui
A melhora nos dois índices sinalizam o aprimoramento da criação de tambaqui, que segundo os especialistas da Embrapa tem enorme potencial no Brasil no sistema de tanques-rede, por conta dos reservatórios de hidrelétricas construídas em rios da União.
Na pesquisa, além de mostrar que o tambaqui cresceu mais eficiente e em menos tempo, a parte econômica também é favorável. Quando consegue vender sua produção direto ao consumidor, mesmo no cenário de menor valor pago, o piscicultor não tem prejuízo financeiro, segundo pesquisa realizada em parceria com a Associação Bom Peixe, que agrega piscicultores em Palmas.
O pesquisador na área de economia aquícola da Embrapa Pesca e Aquicultura, Manoel Pedroza explica que o custo de produção em tanque-rede ainda é um pouco mais elevado do que em viveiro escavado, cerca de R$ 9,80/kg, que é o valor que a indústria paga pelo tambaqui, por isso é necessário agregar valor com a venda direta ao consumidor final.
Trabalho que está relacionada a um peixe com diferentes tipos de corte, como a banda de tambaqui, filé sem espinhas, costela e lombo sem espinhas.
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Lançamento do sistema de produção
O sistema de criação de tambaqui em tanques-rede em pequena escala foi lançado pela Embrapa durante a 23ª edição da Feira de Tecnologia Agropecuária do Tocantins, a Agrotins 2023, que acontece em Palmas de 16 a 20 de maio.
Produção de tambaqui no Brasil
O tambaqui é a espécie nativa mais produzida no Brasil e a segunda de maneira geral, só perdendo para a tilápia, em sistema ainda pouco utilizado na aquicultura, o tanque-rede. A grande maioria é produzida em barragens e em viveiros escavados.
Segundo o Anuário Brasileiro da Piscicultura, da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), em 2022 foram produzidas 860 mil toneladas de peixes no país, 267 mil foram de peixes nativos, sendo a maioria de tambaqui, alta de 1,8% frente a produção de 2021.
Rondônia é o principal estado produtor de peixes nativos com 57 mil toneladas em 2022; seguido do Maranhão (39 mil t) e do Mato Grosso (38 mil t). Na quarta posição e quinta posições estão o Pará (24 mil t) e o Amazonas (21 mil t). Mais de dois terços da produção brasileira de peixes nativos vem de cinco estados, o que mostra o potencial de expansão.