Uma pesquisa confirmou que aumentar de duas a três vezes as doses de corretivos de solo, eleva a produtividade de soja em até 40%, em lavouras de primeiro cultivo.
O projeto foi executado pela Embrapa Meio-Norte (Teresina/PI), em parceria com a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), e Universidade Federal do Piauí (UFPI, (campus de Bom Jesus) na região do Matopiba (que compreende os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
Pesquisa com corretivos no solo de lavoura de soja
Numa área de abertura de plantio de soja, foram aplicados calcário e gesso com a quantidade tradicional de aplicação de calcário em torno de três a quatro toneladas por hectare, com a produtividade ficando entre 35 a 40 sacas de 60 quilos.
Segundo o pesquisador Henrique Antunes, com a aplicação de doses entre sete e dez toneladas de calcário por hectare, a produtividade salta para 50 ou mais sacas por hectare.
Os trabalhos foram conduzidos na Fazenda União durante três anos, no município de Currais, nos arredores de Bom Jesus, no Piauí.
Perfil do solo
As doses de calcário aplicadas em áreas de primeiro cultivo e recomendadas pelos boletins oficiais, segundo Antunes, são em torno de três a cinco toneladas por hectare, dependendo do tipo de solo e qualidade do insumo disponível.
No entanto, muitos agricultores têm fugido a essa regra e aplicado valores superiores, com doses em torno de oito a 12 toneladas por hectare, conseguindo bons resultados na produtividade.
A ideia dos produtores é corrigir o perfil do solo de maneira mais acelerada, além da busca por produtividades satisfatórias logo na primeira safra. No Piauí, os produtores de soja apresentam, todo ano, uma taxa de 5% de aberturas de novas áreas.
Nos ensaios de pesquisa, foram testados níveis de até 20 toneladas de calcário por hectare. O que ficou constatado em alguns experimentos é que“valores superiores a 15 toneladas de calcário por hectare geraram um desequilíbrio de nutrientes no solo, principalmente de fósforo, potássio e micronutrientes.
Entretanto, o uso de valores superiores aos recomendados pelos manuais oficiais se mostrou eficiente em corrigir o perfil do solo em até 60 centímetros. Isso proporcionou a construção da fertilidade de maneira mais acelerada, impactando positivamente no estado nutricional das plantas e no rendimento de grãos.
Correção do solo no Matopiba
A correção do perfil do solo é ainda mais estratégica na região do Matopiba, porque há eventos de veranicos – período sem chuvas na estação chuvosa – e isso gera condições adequadas (químicas – diminuição da acidez e alumínio) para exploração máxima desse perfil do solo em períodos de estresse hídrico, o que ameniza a falta de água.
Antunes destaca ainda que a presença do gesso na correção permitiu melhorar as concentrações do cálcio em subsuperfície e diminuição significativa das concentrações de alumínio.
Região de fronteira agrícola, o Matopiba é caracterizado pela abertura de áreas para cultivo de grãos, principalmente de soja. O cerrado, de acordo com o pesquisador Henrique Antunes, é a cobertura vegetal predominante, cujas características são a presença de solos com elevada acidez e concentração de alumínio.
Para o cultivo dessas áreas, segundo ele há a necessidade de corrigir o pH (potencial hidrogeniônico) e eliminar o alumínio pelo emprego de corretivos, principalmente, o calcário. Além de ser um corretor da acidez, ele é fonte de cálcio e magnésio para as plantas.