O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio do Brasil, que é a soma de tudo que é produzido de bens e serviços, acumula recuo de 0,91% até o fim do 3º trimestre de 2023, puxado pela queda de 1,37% no terceiro trimestre deste ano. Com base nos dados parciais, o setor pode alcançar R$ 2,62 trilhões em 2023, sendo R$ 1,91 trilhão no ramo agrícola e R$ 715 bilhões no ramo pecuário.
Se considerar o desempenho de toda a economia brasileira até o momento, o agronegócio deve responder por 24,1% do PIB total deste ano, abaixo dos 25,2% registrados em 2022, segundo análise do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

PIB da Agricultura e Pecuária
O desempenho do agronegócio até o terceiro trimestre deste ano foi afetado com o recuo dos preços em todos os segmentos. Entretanto, o resultado só não foi mais desfavorável por conta da safra recorde na agricultura e o crescimento na produção pecuária de laticínios e volume de abates. Esses fatores, impulsionaram a demanda tanto para os segmentos de insumos quanto para os agrosserviços.
Nos ramos do agronegócio, os cenários foram de redução para o agrícola de 1,05% no 3º trimestre de 2023 e 0,38% no PIB acumulado do ano. Já para o pecuário de 2,22% no terceiro trimestre de 2023 e 2,29% no acumulado do ano.
Já pela perspectiva dos segmentos do setor, no acumulado do ano, o PIB dos insumos apresentou retração de 18,81%, com quedas nos ramos agrícola (-21,94%) e pecuário (-8,81%). O desempenho desse segmento foi impactado negativamente pela queda expressiva do valor bruto da produção, pressionado sobretudo pelas desvalorizações de preços dos fertilizantes, dos defensivos e das rações para animais.
No segmento primário do agronegócio, quando se compara o segundo e o terceiro trimestres de 2023, a redução foi de uma 1,84% no 3º trimestre e de 0,43% no acumulado do ano, sendo quedas significativas nos preços de culturas como: algodão, café, milho, soja e trigo, assim como boi gordo, frango vivo e leite.
A sustentação vem pelo desempenho da agricultura, que avançou 0,79% no trimestre, acumulando crescimento de 4,79% no ano, impulsionado pelo ritmo de produção, com safras recordes e ainda queda dos custos de insumos, como fertilizantes e defensivos.
Na pecuária dentro da porteira, houve queda de 6,22% no trimestre, acumulando redução de 6,56% no ano. Mesmo com o aumento da produção esperada para o ano e a redução dos custos com alimentos, setores do leite, bovinos e frangos para corte sofreram expressivos recuos em seus preços.

Agroindústria
No segmento agroindustrial, a queda do PIB no trimestre foi de 0,61%, com retração das agroindústrias de base agrícola (-0,92%) e crescimento para a de base pecuária (0,79%). No acumulado até o terceiro trimestre do ano, no entanto, o crescimento observado para o segmento (0,12%) reflete o desempenho das agroindústrias de base pecuária (0,90%), visto a estabilidade para a de base agrícola (-0,06%).
Na indústria agrícola, apesar dos menores custos e do modesto aumento da produção, a queda no valor da produção decorrente da queda nos preços pressionou o resultado. Na indústria pecuária, o desempenho positivo se deveu sobretudo à redução dos custos com insumos, tenho em vista a queda no valor da produção pressionado pelo comportamento desfavorável dos preços.
Agrosserviços
O PIB do segmento de agrosserviços registrou uma queda de 0,61% no trimestre, sendo resultado de uma diminuição de 0,97% nos de base agrícola e um crescimento de 0,38% nos de base pecuária. Dessa forma, o segmento acumulou um aumento de 0,59% no ano, refletindo um crescimento de 0,31% nos agrosserviços agrícolas e de 1,37% nos pecuários.