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Cinzas dos incêndios contêm poluentes que afetam a qualidade da água

Depois das queimadas, água apresenta concentração de químicos como alumínio, ferro e manganês; Brasil representa metade dos focos de incêndios da América do Sul em 2024.

Por Janaina Honorato
Publicado em 11/09/2024 às 15:44
Atualizado em 11/09/2024 às 16:22
Cinzas dos incêndios contêm poluentes que afetam a qualidade da água

Lagoa Bonita, na Estação Ecológica Águas Emendadas (DF), após incêndio em 2010. Foto: Arquivo Laboratório de Ecotoxicologia/Embrapa Cerrados

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Os incêndios florestais além de causarem prejuízos econômicos e sociais imediatos, apontam para perdas ambientais ao longo dos anos que seguem, pois além de reduzir a biodiversidade e causar a degradação do solo, podem contaminar a água potável.

O Brasil representa quase metade dos focos de incêndios da América do Sul em 2024, alcançando 167.452 até 10 de setembro, segundo o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

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Contaminação da água pelos incêndios

Brasil representa metade dos focos de incêndios da América do Sul em 2024.
Brasil representa metade dos focos de incêndios da América do Sul em 2024. Foto: Divulgação/CBMGO

O país vive uma escalada de focos de fogo por todo o território. O bioma da Amazônia tem 50% dos focos de incêndios, seguida pelo Cerrado com 32,4%. O Estado de Mato Grosso lidera o ranking com 37.222 focos de fogo; seguido por Pará com 28.228; Amazonas com 17.668; Tocantins com 11.784; e Mato Grosso do Sul com 11.260 ocorrências.

Com as queimadas, vários resíduos resultantes da combustão, que são conhecidas como cinzas, junto aos elementos de erosão do solo, são transportados através do vento ou água da chuva até os cursos de água, aumentando a concentração de químicos como alumínio, ferro e manganês.

Essa é uma constatação de equipe de pesquisadores do Centro de Estudos Sociais (CES) e do Departamento de Ciências da Terra (DCT) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) em Portugal, que analisaram os efeitos das queimadas em rios.

Segundo o professor Bruno Renaly Souza Figueiredo, do departamento de Ecologia e Zoologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os estudos sobre os efeitos dos resíduos do fogo na água e na biodiversidade aquática ainda são limitados.

“Ano após ano, o ser humano tem registrado números recordes de incêndios, em áreas queimadas cada vez maiores, e eu sempre penso: essa quantidade imensa de cinzas que é gerada uma hora vai chegar no ambiente aquático, seja por ação da chuva ou do vento”, expõe.

Uma pesquisa desenvolvida pelo Laboratório de Biodiversidade Aquática (LABIAQ) da UFSC buscou investigar como as cinzas provenientes das queimadas afetam diretamente a biodiversidade em cursos d’água. As cinzas podem chegar até a água, principalmente por ação da chuva que lava o solo e pode levar as cinzas, e pelo vento.

“A literatura científica tem revelado que as cinzas são uma substância complexa constituída por componentes químicos, como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos e metais pesados, com potencial mutagênico e cancerígeno, que compromete a potabilidade da água para consumo humano, leva a uma grande mortandade de peixes, e reduz as contribuições da natureza para as pessoas”, explica o professor.

  • Agricultura: Queimadas reduzem a fertilidade do solo e aumentam custos da produção

Nível de contaminação da água após focos de queimadas

Arte mostra impacto das cinzas na vegetação e nas águas continentais após os incêndios.
Arte mostra impacto das cinzas na vegetação e nas águas continentais após os incêndios. Arte: Lorenzo Driessen Cigogini/UFSC

As queimadas destroem a vegetação que evita a erosão do solo. Logo após o período seco, vem as chuvas e os sedimentos carbonizados vão parar em rios e nos reservatórios, que abastecem as lavouras, criação de animais e as redes de fornecimento de água potável para os humanos.

Segundo o estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), próximo a locais queimados, a água apresentou maiores índices de cálcio, magnésio e nitrato, contaminação que persistiu por meses depois das queimadas.

Em artigo publicado no site da Embrapa Cerrados, o pesquisador Eduardo Cyrino Oliveira-Filho, aponta que “as cinzas e a fuligem geradas pelo fogo são compostas por elementos químicos constituintes dos seres vivos queimados (vegetais ou animais) ou mesmo de materiais minerais, que podem ser degradados dependendo da intensidade do fogo”.

Ele analisa que nas cinzas, há presença de macronutrientes como potássio, fósforo e nitrogênio, além de micronutrientes como vários metais, e que as quantidades disponíveis de cada um desses elementos precisam ser verificados para determinar as as consequências.

“Em contato com a água, parte desses compostos se dissolve, alterando diversos parâmetros físico-químicos do meio aquático, entre eles o pH e o oxigênio dissolvido, fatores limitantes para a sobrevivência de algumas espécies. Nesse caso, ambientes com baixa vazão ou fluxo de água, tais como lagos, lagoas e reservatórios, podem ser mais comprometidos”, aborda o artigo.

Oliveira-Filho finaliza observando que a contaminação da água subterrânea pelas cinzas, pode ter relação com distúrbios digestivos em indivíduos que consomem água de poço, ou até mesmo um problema para irrigantes que utilizam essa água, já que elementos como o cálcio e o magnésio podem prejudicar o funcionamento dos equipamentos de irrigação.

  • Dia Nacional do Cerrado: Bioma permanece sendo o mais atingido por incêndios
Tags: águacinzascontaminaçãoincêndios

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