A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou nesta quarta-feira (24/8) as primeiras projeções para a produção de grãos na safra 2022/23, que pode chegar a 308 milhões de toneladas. O resultado é impulsionado, principalmente, pelo bom desempenho dos mercados de milho, soja, arroz, feijão e algodão.
De acordo com o presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, as culturas estão apresentando boa liquidez. “Apesar do aumento nos custos de produção, as culturas ainda apresentam boa liquidez e rentabilidade para o produtor brasileiro”.
Os números das principais variáveis de mercado e tendências para as cinco culturas (milho, soja, arroz, feijão e algodão) mostram que a produção delas corresponde a mais de 90% da produção brasileira de grãos, que está estimada em 294,3 milhões de toneladas.
Produção de grãos
Soja e algodão
Para a soja, a visão da Conab aponta para um cenário de produção recorde, que está previsto em 150,36 milhões de toneladas na próxima safra.
Os preços dos cereais devem permanecer atraentes à medida que a oferta e a demanda mundial de oleaginosas continuam se ajustando, refletindo um aumento de 3,54% na área cultivada, que pode chegar a 42,4 milhões de hectares.A produtividade no ciclo 2022/23 deve apresentar recuperação em relação às safras atuais após problemas climáticos nos estados do sul do país e em partes do Mato Grosso do Sul.
No caso do algodão, a projeção também é de aumento de área e produtividade, tendo como consequência a crescimento da produção. A primeira previsão para a safra 2022/23 mostra uma colheita de 2,92 milhões de toneladas de pluma.
Os fatores que impulsionam o progresso da cultura são os altos preços dos produtos, boa rentabilidade, comercialização antecipada, etc. No entanto, as incertezas da situação econômica mundial podem limitar esse crescimento.
Por isso, a Conab espera uma recuperação das exportações, atingindo o patamar de 2 milhões de toneladas de produto final, além de um estoque de passagem de aproximadamente 1,75 milhão de toneladas de pluma no fim de 2023.
Arroz, feijão e milho
Para o arroz, a área plantada deve ser ainda mais reduzida em 2022/23. Devido aos altos custos de produção, os agricultores tendem a optar por culturas com melhores estimativas de rentabilidade e liquidez, como milho e soja.
Ainda assim, dado o potencial de recuperação da produtividade face a 2021/22, a produção em 2022/23 deverá ficar em torno de 11,2 milhões de toneladas, uma vez que a disponibilidade hídrica é afetada pela boa evolução. O cenário é semelhante para o feijão, com produção bem ajustada, mantendo a colheita total em cerca de 3 milhões de toneladas.
Já no caso do milho, a produção total está prevista para 125,5 milhões de toneladas. Na primeira safra, a área deverá diminuir ligeiramente com uma variação negativa de 0,6%, uma vez que o grão compete com a soja.
No entanto, com a recuperação da capacidade produtiva, a produção deverá atingir 28,98 milhões de toneladas após a escassez de água em importantes áreas de produção em 2021/22. Na segunda safra, espera-se aumento de área e produção, o que pode levar a uma produção de 94,53 milhões de toneladas, alta de 8,2% em relação a 2021/22.
Segundo o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, Sergio De Zen, os produtos continuam com margens de lucro positivas.
“O cenário de mercado não apresenta uma tendência de queda expressiva para as cotações de milho, uma vez que o panorama aponta para a demanda e a oferta ainda ajustadas no ano que vem. Com isso, as margens para os produtores continuam positivas, mesmo com os altos custos de produção.”.
*Com informações da Conab