Os bancos públicos brasileiros deverão ser peças-chaves para o financiamento de projetos voltados a reduzir os efeitos das mudanças climáticas. A contribuição dessas instituições no processo de transição para a economia de baixo carbono foi debatida no pavilhão brasileiro da 27ª Conferência Climática das Nações Unidas (COP27), terminou na última sexta-feira (18), no Egito.
Nos dois painéis “Carbono + Conservação”, foram apresentados pelos presidentes do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, iniciativas dessas instituições na área do clima.
A Fundação Banco do Brasil e o BNDES assinaram, no final do evento, uma parceria onde se comprometeram a promover o reflorestamento de floresta nativa
A iniciativa chamada de Floresta Viva foi lançada no ano passado em Glasgow, na COP26, numa ação conjunta entre o BNDES e empresas com o objetivo de restaurar os biomas brasileiros.
A Floresta Viva funciona da seguinte forma: a cada real investido por uma empresa no projeto, o BNDES também investe o mesmo valor.
De acordo com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, inicialmente era previsto investir R$ 550 milhões e recuperar 35 mil hectares de vegetação nativa, no entanto, os valores podem chegar a R$ 1 bilhão e a área recuperada também vai aumentar.
A iniciativa já conta com mais de 15 parceiros e, agora, o Banco do Brasil começa a fazer parte do programa.
Bancos públicos no financiamento da economia verde
O Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e o BNDES tem ações voltadas para o financiamento de energia limpa pelo mundo.
Com milhares de agências espalhadas pelo país, o Banco do Brasil vem auxiliando os clientes no processo de migração da matriz energética por meio de assessoramento e de linhas de financiamento de longo prazo.
De acordo com o presidente do banco, Fausto Ribeiro, cerca de 15% das reservas legais em terras de agricultura podem ser monetizadas por meio de crédito de carbono. Além disso, a instituição presta atendimento de assessoria para orientar os agricultores na monetização das áreas.
Somente neste ano, o Banco do Brasil lançou três operações de crédito de carbono originárias da instituição. As propriedades ficam no Acre, Maranhão e Minas Gerais e chegam a 70 mil hectares.
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Além disso, o banco estatal lidera o crédito rural com uma carteira de crédito rural de 300 bilhões, dos quais R$ 150 bilhões, são voltados à agricultura sustentável.
A Caixa Econômica Federal também tem voltado suas ações para o desenvolvimento sustentável. Para dar mais capilaridade nas questões ambientais, o banco criou neste ano uma vice-presidência destinada à sustentabilidade com foco na população de baixa renda nas áreas de habitação de interesse social, saneamento ambiental, geração de trabalho e renda, entre outras.
A presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, disse que a instituição financeira é o maior banco social do mundo, com 161 anos de história e mais de 150 milhões de clientes. Ela destaca ainda o fato da Caixa chegar onde nenhum outro banco está, como na Amazônia, na Ilha do Marajó e em microcidades.
Já o BNDES varia entre o segundo e o terceiro lugar no ranking dos maiores financiadores de energia limpa do mundo.
O banco empreende projetos de energia eólica, energia solar e, agora, está pronto para atender as iniciativas de energia offshore, que são produzidas em alto-mar.
De acordo com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano a instituição está gerindo a maior carteira de concessão de ativos ambientais do planeta, com 18 milhões de hectares de potencial de concessão florestal, entre manejo sustentável e visitação turística, com taxas de juros menores menores para clientes que façam a gestão climática de seus empreendimentos.