O preço do leite captado em janeiro subiu 5%, segundo a média mensal divulgada pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, chegando a R$ 2,66/litro.
O número é 17,6% maior que o registrado em janeiro do ano passado e também maior média real para um mês de janeiro, considerando a série histórica iniciada em 2004.
A alta dos preços em janeiro é algo incomum, já que normalmente o começo do ano é de baixa nas cotações, por conta do aumento sazonal da produção. Mas agora, o que se observa é o oposto: produção caindo com o clima adverso, resultado do fenômeno La Niña, ou seja, estiagem de um lado do Brasil e muita chuva do outro.
O Índice de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L) caiu 2,1% de dezembro para janeiro. Na Região Sul, houve retração média de -0,2%, que está ligada à estiagem na região. Já no Sudeste e no Centro-Oeste, houve queda de 2,3%, já que o excesso de chuvas prejudicou a produção.
Leite captado cai com alta dos insumos
Além da questão climática, os preços firmes dos insumos, principalmente da ração dos animais, sendo que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 0,68% em janeiro. Isso têm deixado as margens dos produtores leiteiros mais curtas, o que dificulta investimentos na atividade.
Produção limitada no campo, reflexo na média mensal do leite spot [comercializado entre os laticínios e com definição de preços quinzenalmente] em Minas Gerais, que vem subindo desde a segunda quinzena de dezembro, com alta de 22,4% em janeiro, quando chegou a R$ 2,81/litro.
A valorização da matéria-prima causou aumento em cadeia dos preços dos lácteos em janeiro. No atacado paulista, o preço médio do UHT subiu 4,2%; o da muçarela, 3,3%; e o do leite em pó, 1%, em termos reais.
Importações crescem
A oferta interna limitada e o aumento dos preços em toda a cadeia estimularam o crescimento de 2,8% nas importações de dezembro para janeiro. De acordo com dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), as compras externas somaram 156,9 milhões de litros em equivalente leite em janeiro, 2,3% maior que o internalizado no mesmo mês do ano passado.
As exportações, por outro lado, caíram 30,1% em janeiro, totalizando 5,7 mil litros em equivalente leite.
Perspectivas
Para os pesquisadores do Cepea, a oferta no campo continuou limitada em fevereiro. Em Minas Gerais, o leite spot registrou média mensal de R$ 3,05/litro, alta de 8,3% em relação a janeiro.
Mas, a valorização no spot se deu na primeira quinzena do mês, já na segunda quinzena, a média recuou para R$ 2,96/litro, pressionada pela demanda enfraquecida por lácteos na ponta final da cadeia, que limitou as negociações das indústrias com os canais de distribuição, diminuindo o apetite das indústrias pelas compras no spot.
Agentes de mercado consultados relataram aumento dos estoques depois do dia 20 de fevereiro e sinalizaram preocupações com a fragilidade do consumo por lácteos. Outro ponto que pode frear a intensidade da valorização no campo é o aumento das importações, já que os preços internacionais dos lácteos seguem tendência de queda.