O custo de produção do leite voltou a subir em janeiro, segundo a Média Brasil do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). Considerando os estados de BA, GO, MG, SC, PR e SP, o Custo Operacional Efetivo (COE) para produzir cresceu 0,68% no primeiro mês do ano.
Crescimento que está ligado à alta dos insumos da atividade, principalmente a dos concentrados e suplementos minerais.
Custo de produção do leite
Em janeiro, o aumento dos foi de 0,12% para o primeiro produto, que aconteceu por conta da elevação nos preços dos grãos durante o mês. Já para os suplementos minerais o incremento foi de 0,75%.
Já os adubos e corretivos, limitaram a alta dos custos, pois caíram 5,62% em média de dezembro de 2022 a janeiro de 2023. Desvalorização causada pelas quedas nas cotações internacionais dos fertilizantes e à menor demanda interna, típica desta época do ano, após o plantio da safra.
As cotações dos medicamentos também tiveram baixa, sendo a mais intensa de 0,63%, a registrada para os antimastíticos.
Poder de compra do pecuarista
Os valores registrados em janeiro representaram piora na relação de troca do poder de compra do produtor. No mês, foram necessários 34,2 litros de leite para a aquisição de uma saca de milho de 60 kg, contra 34 litros em dezembro.
Essa piora vem sendo observada desde agosto de 2022, quando eram necessários 23,1 litros para realizar a mesma aquisição. Nos últimos 12 meses, a média da relação de troca foi de 33,2 litros por saca, sendo fortemente influenciada pelas altas cotações do grão e pela acentuada desvalorização do leite no início de 2022.
Clima impacta produção do leite
O início de 2023, foi marcado pela limitação da produção de leite no Brasil, por conta do clima adverso, causado pelo fenômeno La Niña.
No Sul, o avanço da entressafra, que seria normal nesta época do ano, foi intensificado, devido à forte estiagem na região, que reduziu a captação para além do esperado. Ao mesmo tempo, no Sudeste e Centro-Oeste, que, sazonalmente, estariam passando pelo pico da safra, o excesso de chuvas tem prejudicado a produção.
O Índice de Captação Leiteira do Cepea (ICAP-L) recuou 0,15% de novembro para dezembro na Média Brasil. Nos estados doSul, houve retração média de 2%, ao passo que, nos estados do Sudeste e Centro-Oeste, a alta foi de apenas 1%.
Queda nos investimentos do setor
Além da questão climática, o estreitamento das margens dos produtores também tem reforçado a diminuição dos investimentos no campo. Com a receita em queda desde agosto e os preços firmes dos insumos, especialmente da ração, e o poder de compra do pecuarista diminuindo, dificulta um incremento ou até mesmo a manutenção da oferta.
O preço pago ao produtor na Média Brasil líquida do Cepea, do leite captado em dezembro fechou em R$ 2,52/litro, recuo de apenas 0,8% em relação ao mês anterior.
Com a oferta interna limitada e o aumento dos preços ao longo de toda cadeia estimularam a alta de 2,8% nas importações e a queda de 30,1% nas exportações de lácteos em janeiro.
As compras externas, que vinham em queda desde outubro, chegaram a 156,9 milhões de litros em equivalente leite, sendo 2,3 maior que o internalizado no mesmo período do ano passado.